segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Uma nova espécie de peixe anual descrita para o para o Rio Grande do Sul, sul do Brasil: Austrolebias bagual Volcan, Lanés & Gonçalves


É com grande orgulho e satisfação que comunicamos que foi descrita recentemente no periódico "aqua International Journal of Ichthyology" (http://www.aqua-aquapress.com/) uma nova espécie de peixe anual do Bioma Pampa no Rio Grande do Sul. A nova espécie foi descoberta durante o nosso Projeto Peixes Anuais do Pampa, apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e descrita por pesquisadores do próprio Instituto Pró-Pampa. 

 




A nova espécie, pertencente ao grupo de espécies Austrolebias adloffi é encontrada numa reduzida área úmida temporária (menor que 1 ha) associada ao Arroio Abranjo, tributário do médio curso do Rio Camaquã no município de Encruzilhada do Sul, RS. A espécie já é considerada Criticamente Ameaçada de Extinção.

A descoberta recente reitera a importância da região como um centro de endemismo e diversidade do gênero. Incluindo essa nova espécie ocorrem hoje no RS, 24 espécies do gênero Austrolebias.  

O resumo do trabalho pode ser visualizado abaixo:


Mais informações podem ser obtidas na página do Facebook do Instituto Pró-Pampa
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domingo, 17 de agosto de 2014




Projeto Peixes Anuais do Pampa é finalizado: Conheça alguns resultados!


   Os resultados do Projeto Peixes Anuais do Pampa, apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (www.fundacaogrupoboticario.org.br/) contribuíram para a conservação da natureza através do fornecimento inédito de um panorama atualizado sobre a diversidade, distribuição geográfica e ameaças antrópicas incidentes a esse peculiar, pouco conhecido, endêmico e ameaçado grupo de peixes no Bioma Pampa. 


   O desenvolvimento do projeto permitiu o encontro de espécies que se julgava estarem extintas (Austrolebias ibicuiensis, Austrolebias varzeae), novas espécies de peixes anuais no Brasil, antes conhecidas apenas para outros países vizinhos (Austrolebias cheradophilus e A. quirogai), bem como a descoberta de novas espécies para a ciência. Os resultados obtidos foram ainda utilizados no PAN Rivulídeos, no Zoneamento Eólico do RS e na atualização das listas de espécies da fauna ameaçadas de extinção no RS e no Brasil.

Austrolebias sp.


                                                              Austrolebias arachan

Austrolebias cheradophilus
Austrolebias quirogai

   Todas as metas e objetivos propostos pelo projeto foram plenamente alcançados. Foram encontradas 39 espécies de rivulídeos, sendo uma pertencente ao gênero Atlantirivulus, sete ao gênero Cynopoecilus e 31 ao gênero Austrolebias. Ao todo foram localizadas 223 populações, distribuídas em 164 diferentes áreas úmidas, localizadas em 44 municípios. Os ambientes amostrados, independente do município e bacia de drenagem, geralmente apresentaram área reduzida (<1 ha), densa vegetação aquática e estavam localizados em áreas de campo, estando completamente expostos à luminosidade.


 Várzea do Arroio Chuí

 Austrolebias paucisquama

 Cynopoecilus nigrovittatus

Atlantirivulus riograndensis


   A grande maioria das espécies e populações encontradas ocorreu em municípios situados na Planície Costeira e Depressão Central do Rio Grande do Sul. Todas as espécies de rivulídeos registradas anteriormente na área de estudo foram contempladas pelo projeto e tiveram também ampliação no número de populações conhecidas. Além dessas, duas outras espécies conhecidas anteriormente apenas para o Uruguai, foram encontradas em território brasileiro. O projeto também identificou novos táxons. Ao menos 04 espécies do gênero Austrolebias foram reconhecidas como novas (uma delas com o artigo de descrição já submetido para um periódico internacional). Outras duas espécies de Cynopoecilus precisam passar por uma revisão mais detalhada, porém também indicam serem novas.


   A principal causa de perda e fragmentação dos biótopos foi a agricultura, principalmente o cultivo de arroz irrigado e soja. A presença do gado nas áreas úmidas, apesar de ser constante, aparentemente não representa uma ameaça tão intensa quando comparado com o cultivo de grãos, uma vez que para a pecuária não há necessidade do manejo direto da terra e a maior alteração é devido ao pastoreio e pisoteio das poças. O avanço da área urbana é outro impacto considerável sobre as populações, principalmente em áreas com maior especulação imobiliária. O aterramento e drenagem das áreas úmidas são constantes devido à especulação e demanda imobiliária desta região.


   Apesar do cenário de alteração antrópica, também foram encontradas áreas com grande potencial para a preservação de populações de peixes anuais. Isto é especialmente importante no Bioma Pampa, o qual apresenta a mais baixa representatividade no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e é considerado o segundo bioma mais devastado do país, atrás apenas da Mata Atlântica.
   Por fim, os dados obtidos pelo projeto permitiram identificar áreas prioritárias para a conservação de peixes anuais no bioma Pampa, assim como espécies de especial interesse conservacionista. Além disso, foi possível chamar a atenção para a conservação de áreas úmidas temporárias e sua biota associada. Essas informações poderão subsidiar diretrizes e as tomadas de decisões sobre futuras ações de manejo, conservação e educação ambiental, a serem desenvolvidas por órgãos públicos relacionados ao meio ambiente, além de instituições de pesquisa e ONGs. Também deverão ser utilizados no licenciamento ambiental, a partir do reconhecimento de áreas de exclusão para o estabelecimento de empreendimentos e na mitigação de impactos e compensação ambiental.


   Os resultados do Projeto Peixes Anuais do Pampa continuarão sendo divulgados através da publicação de artigos científicos e por meio de textos e divulgação de imagens no blog e página na rede social (https://www.facebook.com/InstitutoProPampa).
 


* O texto e todas as imagens são próprias e possuem direitos autorais vinculados ao IPPampa.

Luis Esteban Krause Lanés